Tendo em mente o desprezo pelo vulgar, por toda redundância
das expressões comerciais, e o esquecimento quase certo de presentes temporões,
resolveu-se por agradar o namorado com um carinho simbólico.
Urdiu, com peças significativas, uma trama confusa de
expressões materiais.
Descartou à todas!
Saiu então, um bom tempo depois, absolutamente realizada com
o pouco volume de um envelope em sua mão esquerda!
O papel, ao menos, fora armado e bordeado com tal zelo que a
manufatura era consultada entusiasticamente entre os vibrantes passos pequenos.
O nome se notava dourado diluído na gramatura respeitável do
embrulho, sem dedicatória alguma.
Era o que a simplicidade requeria!
Ele atendeu a porta, ela o abraçou e, no intervalo dos
cumprimentos as mãos ansiosas do apaixonado já rompiam a delicadeza do lacre.
Sacou surpreso o conteúdo do precário embrulho.
Nada mais era do que uma folha pautada com leve perfume:
-Esta dirá sempre, e com palavras novas em cada vez que a
mirar da singularidade de nosso amor!E então crerás que até em uma folha em
branco hás de me ler em entrelinhas!
Anderson Dias Cardoso.
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