Nos limites da vaidade toda plástica exterior, com suas
harmonias forçadas ao extremo por intervenções cirúrgicas não foram suficientes
às ânsias do espetáculo pessoal, tornando se assim os aperfeiçoamentos da
beleza sócio-comercial radicalizados por toda sorte de visionários de uma nova
engenharia estética!
Foi quando
geneticistas intervieram com mesclagens cromossômicas e evoluíram
artificialmente a espécie para um ser parte translúcido, ao qual nomearam como
Homo-Pellucidum, do qual a moda se incumbiu de adornar, rearranjar ao sabor da
criatividade!
Inventaram cores para os movimentados fluídos corpóreos com
corantes artificiais, alegrando a vulgaridade do sangue, saliva, compostos
gástricos, e até mesmo as fezes com tons dourados, extravagantes violáceos,
azuis da Prússia, ou qualquer cor que pudesse ser imaginada, e assim,
sintetizada!
Engenheiros anatômicos se encarregavam em rearranjar os
espaços dos interiores corporais, deslocando um pâncreas, dilatando um pouco os
pulmões para diminuir as distancias entre os intestinos, eliminando, ou
adicionando veias e artérias para equilibrar os ambientes internos, muito freqüentemente,
de acordo com feng shui!
Além dos esforços para a correção das deficiências estéticas
hereditárias ou congênitas estes profissionais se juntavam, ocasionalmente, à
especialistas ortopedistas, oncologistas, dermatologistas, dentre outros; para
minimizar, disfarçar, ou ao menos alegrar qualquer mazela cosmética que pudesse
afetar a elegância do contratado!
Então, ossos eram esculpidos, suavizados, ou extraídos,
tumores eram camuflados, tingidos, ou modelados; órgãos atrofiados, apêndices,
ou peças orgânicas em condições visivelmente deterioradas eram recompostos,
holograficamente melhorados, e, às vezes, recebiam iluminação em neon!
Nunca antes, as enfermidades possuíram tanta sofisticação!
Neurologistas e engenheiros eletrônicos instalavam diodos,
placas de silício, displays, que exibiam as transcrições dos movimentos do
pensamento; em crânios de carbono, acrílico e platina!
Com tanta exposição de si mesmo haviam associações entre
disciplinas como psicologia, ioga, e até mesmo implante de aparelhagens de
simulação de estados físico-mentais; para que, toda beleza do corpo pudesse ser
vista, sem que se pudessem ser compreendidas as complexidades e segredos do
espírito, que teimavam em se revelar através de suas taquicardias, irrigações sanguíneas
abundantes, e dificuldades pulmonares!
As ruas então eram sempre iluminadas por criatura de pele de
vidro; corpos que, por vezes, carregavam efeitos visuais, e até mesmo
propagandas...
Era a personalização absoluta do ser; de acordo com os mais
exigentes padrões do mercado!
Anderson Dias Cardoso.
2 comentários:
Genial! Parodiando aquele viral do YouTube tudo isso para " nossa alegriaaaaaaaa!".. e tudo é vaidade.
A vaidade tem sido o carro chefe da atualidade! As pessoas não querem envelhecer, ou mesmo, acham que fazendo retoques, podem mudar sua essência! O que elas não sabem é que mesmo mudando a estética, por dentro, continuam vazias! Mt bom!
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