quinta-feira, 27 de setembro de 2012
O Homem Invisível...
Não preparara a fórmula da invisibilidade por vaidade, ou por vontade de domínio; mas, por uma incapacidade social e tédio existencial.
Despediu-se da família antes do primeiro gole, e prometeu que do remoto mandaria lembranças, ainda que fossem de mão única!
Quando partiu deixou saturado de afeto aqueles corações que jamais entenderiam que partisse, enamorado da solidão.
E ele se afastou para despir do conforto da roupa enquanto a opacidade do corpo se esmaecia até se tornar grama, carvalho e lua.
Quando, depois de instantes, houve o retorno às ruas de asfalto e o reino das construções de concreto, não se deixou decair de sua dignidade e ética:
Comia das sobras descentes dos restaurantes, banhava-se na gratuidade das águas dos chafarizes, e dormia um sono leve sob qualquer abrigo arbóreo; sendo lhe bastante existir só para si...
Anderson Dias Cardoso.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Pareidolia.
As nuvens às vezes sorriem, enquanto alguns desvendam formas
e faces nas ranhuras das árvores.
Cada contorno um significado, uma mística preditiva ou um
manifestar, como se o próprio Deus realizasse suas epifanias em fatias de pão!
Das miríades de criaturas existentes acrescentem-se outros
dobros para tantas coincidências semelhantes aos corpos, umas tantas
substâncias e suas características de aparente vida ou qualquer criação humana.
E o que se dizer dessa teima estúpida de achar coisa aquilo
que coisa não é!
E se a mente em sua inocência brinca de encontrar
significado, alguns enlouquecem por mistificar o jogo...
E, ironicamente, o mundo tem matéria prima de sobra para a
proliferação de malucos.
Anderson Dias Cardoso.
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