Escrevia; não como os outros, mas com significados atrelados
à imagens e números.
Eram representações singulares de uma memória eidética, sem
repetições de símbolos e significados; poesia que nunca pudera ser transcrita!
Era a complexidade autista, uma forma descritiva de
maravilhas e interpretações de suas metafísicas pessoais, limitadas às suas
dificuldades, e à despeito das tentativas, nunca extrapolada para além de suas
fronteiras...
E então ele cantava, e muito; passeando pelas harmonias e
dissonâncias interiores.
Mas quem ouviu sua voz?
Quem pôde decifrar os dizeres que expandiam para além dos
símbolos?
Guardaram-lhe alguns rabiscos, não sabendo seus tesouros e
lhe sorriam sempre pela pouca expressão de tais infantis garatujas, porém, o
que dizia este louco, estava para além de suas sensibilidades!
Anderson Dias Cardoso.