segunda-feira, 6 de abril de 2015

Não Há Um São!


Me sentei ao lado, e agora era tarde.O homem vestia daqueles seios artificiais, e lambrecava a boca da boneca com um leite cheirando azedo.Puxou papo, o qual, segundo as regras do manual que ensina lidar com malucos, tive que recusar.Disse que a esposa o havia deixado; ele e a pequena.Esta se chamava Larrissa, e era certo que ele rumava para atender a uma proposta de emprego. Mas a conversa não parou por aí, ainda que eu já não o ouvisse a esta altura.Confesso que senti pena, mas ignorar era preciso.O percurso durou outros quinze minutos, e quando o homem já se levantava para deixar o metrô, senti a mãozinha da boneca me agarrar a blusa.Quando já de pé, ela piscou sonolentamente em meio a um bocejo, e contorceu aquele corpinho de vinil junto ao pai.
A sanidade é mesmo uma coisa muito frágil!


Anderson Dias Cardoso.
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