De família emocionalmente distante, e sua particular
timidez, ousou se apaixonar aos 13!
Mas era afeto platônico, provavelmente nunca consumável; ainda
assim a fazia revirar no leito, com todas características dores e taquicardias dos
que sofrem dessas corriqueiras mazelas.
Se sofria em silêncio, seu corpo denunciava-lhe os
sentimentos de forma incomum, com aumento repentino dos pequenos seios, e o
avolumar do magro ventre.
Seus pais nunca compreenderam que existiam gravidezes
psicológicas!
Como sendo filha de povo rústico; daqueles que não permitem
tanta falta de vergonha, depois de inquirida a paternidade, espancada pela
“mentira” a criança, foi lançada à sorte!
Perambulou então pelas ruas, vivendo de improviso, e
esmolando através do olhar...
A dor levara de si o ardor, lhe secou o leite, e abortou o
filho!
Apaixonou-se aí por outro, e outros, e processou tantas
gestações; mas a vergonha agora se vestia ainda de descuido, e trapos imundos!
Foi quando alguém percebeu a ternura por trás dos farrapos,
se acomodando à sua sofrida beleza a
propôs casamento!
Foi tão bela sua acolhida, e nababescas suas núpcias; mas a
felicidade só esbarrou na plenitude, pois seu corpo mentira todo tempo:
Seu ventre estéril jamais poderia gerar filho!
Anderson Dias Cardoso.