A Cura.

-Doutor, alguma coisa está muito errada!Sinto-me terrivelmente feliz!Meus níveis de serotonina e dopamina devem ter extrapolado todas as taxas do meu histórico de...

-Hum... Vejo que o senhor é daqueles casos onde a razão não se dá muito bem com as emoções- O homem baixou a cabeça, e pôs se a rabiscar seus papéis.

-O senhor já está me prescrevendo uma receita, com base numa frase em que descrevo meus sintomas?Não vai me examinar?Pedir algum exame...?

-Aqui está a conta. Recomendo uma olhada nela três vezes ao dia.Não se preocupe, isso vai passar!

Anderson Dias Cardoso.

A Fábrica de Super-Heróis.

O anuncio dizia:

- Se você sonha ser tão forte como o Superman, tão ágil como o Flash, tão poderoso quanto o Dr.Manhattan; venha nos visitar!Nós temos o que você precisa!
Ele apareceu no lugar indicado achando que era alguma iniciativa que tornaria as pessoas em super-heróis; mas na verdade era só uma campanha de distribuição gratuita de camisas de força.
Uma camisa por pessoa!

Anderson Dias Cardoso.

Ao Alcance de Um Clique.

É costume dizer que pela internet é possível comprar qualquer coisa. É só encontrar o site certo, e ter sempre à mão o cartão de crédito.
Tentou e encontrou alienígenas para dissecação, no mercado negro; um pacote de dias extra de vida, uma peça que Shakespeare esqueceu de escrever, logo que Ben Jonson e Michael Drayton o convidaram para sair da ressaca bebendo outro trago...Mas o que realmente queria encontrou num sitezinho obscuro.
A caixa de "Felicidade" chegou em perfeito estado, e logo que a abriu um sorriso se formou no rosto, o peito foi apaziguado e uma energia que lhe convertia qualquer treva existencial em luz!
Ah!Sentimento delicioso, que durou umas duas semanas!
Já ia indicando ao vizinho o produto, quando viu noticiarem na loja virtual uma tal "Felicidade 2.0"...




Anderson Dias Cardoso.

Nas Ruas.

Se lhe ofertavam valores de soma ímpar, os devolvia. Assim como notas dobradas assimetricamente, dadas com a mão esquerda, dadas ao soar de alguma buzina...
Muitos poucos pararam para saber o motivo da estranheza.Recebiam o valor de volta como uma espécie de despeito, e seguiam em sua pressa, prometendo à si mesmos não mais ajudar ninguém.Alguns o conheciam, e preferiam oferecer comida; a qual era devolvida algumas vezes até fechar o "ciclo".
Não era fácil esmolar sofrendo de TOC...


Anderson Dias Cardoso.