sábado, 1 de agosto de 2015

Heróis e Litígios.


Prossegue a dramática luta da família de Carlinhos Troca-Pele; reconhecido mutante e herói da afamada “Liga Invencível dos Homens-Animais”, para haver a meia tonelada de couro do mancebo que, depois da tocaia idealizada por Virgulino Luzxenon, um cangaceiro recém chegado do agreste radioativo de New-Pernambuco, foi hospitalizado em situação na Santa Casa desta cidade. Curiosamente, mesmo depois de tantos anos em estado vegetativo, o moço não deixa de despender/produzir, diariamente, peças completas de seu lustroso e macio tegumento!
O pai de Carlinhos, o senhor Moacir do Curtume, alega que a venda do couro ajudará a custear as despesas do tratamento, afirma, além disso, que a pele lhes teria um valor sentimental e acusa os administradores de estarem contrabandeando o material para Franca.
O repórter aqui acredita ter visto alguns exemplares das apelidadas “Botas Troca-Pele” desfilando nos pés das pessoas mais abastadas do local.
Elas pareciam fantásticas!




Anderson Dias Cardoso.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Orisnaldo, o Caminhoneiro!



Orisnaldo, um caminhoneiro multidimensional, como de costume, foi pego desviando dos veículos que seguiam na contramão daquela via; única também presente e simultânea em todas as bilhares de dimensões deste planetinha estranho chamado terra. Não havia como escapar, aquela era rota indispensável para seu itinerário de entregador de horti-fruti e era uma pena que aqueles eventos não eram percebidos, senão por ele mesmo. Daquela vez foi mais tranqüilo, já que não houve vítimas e só lhe tomaram a CNH, apreenderam caminhão, carga, e lhe aconselharam uma consulta num psiquiatra.
No fundo, o pessoal da Polícia Rodoviária sentia muita pena daquele moço. A maluquice às vezes escolhia algumas pessoas bem decentes!



Anderson Dias Cardoso.

domingo, 26 de julho de 2015

Concurso Público.


Se se preparou para aquele momento; sua mãe inda mais!Acordou às duas da madruga para cozinhar o feijão preto, e temperar a orelha, pé, rabo; além de ferventar a lingüiça suína caseira, comprada na mais respeitada banca do mercado municipal.
Quando desceu do ônibus, com a marmita cheia, e o olhar confiante; rumou para o bloco das “Engenharias” para descobrir sua sala.
Eles (os funcionários) até a indicaram com uma certa simpatia, mas cismaram com a trouxinha improvisada com um pano de prato limpo, e que segurava um garfo dos bons, que não entortava com uma espetada viril.
-Deixa eu entender, moço: O povo entra com salgadinhos industrializados, pizzas, enroladinhos, e tudo mais; mas eu não sou “civilizado” porque trago a marmita de mãinha?
A discussão foi vencida pelo mancebo, com muito bom argumento. Na “pausa” para sua “merenda”, lá estava o garoto franzino, todo orgulhoso de sua fartura; enquanto todo o pessoal cochichava ao seu respeito, à despeito dos olhares indignados dos examinadores.
O delicioso cheiro inundava a sala; e a boca lambuzada sorria despeitada!
Não importava a nota!Aquela estava sendo uma manhã inesquecível! 



Anderson Dias Cardoso.
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