sábado, 25 de fevereiro de 2012

Meias Verdades.


E dizia-se do velho ter suas carnes vestindo um esqueleto de ouro, além de seu dom de profecias, mas sua aparência e sabedoria em nada causavam espanto, e agora, depois de tanto tempo de seus êxitos poucos transpunham tantos espaços para alguma consulta.
O homem, encolhido em sua fragilidade dizia dos dias, dos segredos, e dos mistérios à quem se dispusesse ouvir.
-Terás um novo amor!
-Um filho, não uma filha!
-Um grande amigo te trai!
-Serás próspero em tua empreitada!
E então, toda profecia caía por terra, e toda visão terminava em engano...
Alguns ainda criam, e, dos que houve desprezo uma multidão rumou para desfazer o “tropeço”.
Foram armados de paus e pedras, e pediram prova da veracidade de suas previsões, mas o homenzinho falhou em todas tentativas, e a multidão se lançou à violência e quebrou, e rasgou sua miudeza em pedaços.
Ouve um instante de silêncio e espanto!
Se as profecias eram falhas, ao menos os ossos eram realmente áureos!

Anderson Dias Cardoso.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Mutações.


E lá estava nu, averiguando todas as mudanças corporais através de um espelho de tamanho respeitável.
Haviam lhe desaparecido todos orifícios excretores, todo pêlo do tronco, e até seus negros mamilos; tudo em curto espaço de tempo.
Sentia-se muito bem, no que dizia respeito à sua saúde, e pelo que entendera de sua nova fisiologia seu intestino tivera seu formato alterado para um processamento cíclico, seus rins haviam aumentado de tamanho, assim como fígado; e agora se especializaram em reciclar-lhe os detritos, antes, expelidos.
Todos estes processos se resolveram operar em sua andropausa, num momento solitário onde deixara de sentir necessidade de qualquer companhia além das estritamente necessárias.
Não lhe agradando muito as hipóteses darwinistas, culpou toda a comida processada que lhe havia facilitado a vida.
-Sou uma maravilhosa mutação que aproveita toda energia ingerida totalmente! Apesar de emasculado aposto que meu corpo encontrará outro caminho para a reprodução...
-Seria este o caminho para um futuro de escassez...?-
Triiiiiimmmmmmmm!Triiiiiimmmmmmm!-Soou o celular no bolso da calça pendurada, certamente intimava ferozmente para que voltasse ao batente de sua escravidão.
Vestiu a roupa, e deixou o banheiro com a convicção de que “essa raça” não era merecedora de seu dom.


Anderson Dias Cardoso.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Aos Amigos Que Frequentam e Visitam Meu Blog!

Me mudei esta semana, de Goiás para o Mato-Grosso e estou esperando instalarem net aqui onde estou, mas acho que semana que vem tudo se normaliza por aqui!
Queria agradecer cada comentário, cada visista,e até o selinho que recebi, e que por problemas de conexão não vou conseguir postar aqui!Agradecerei nominalmente cada um quando tiver minha conexão de volta, assim como sempre faço aos que me prestigiam!
Abrigado por tudo!

Abração bem apertado, e, sinceramente, estou com saudades!

Anderson Dias Cardoso.

Uma, De Algumas Metáforas.

O nascimento foi tão estranho quanto em todas as mitologias, e seu corpo fluiu viscoso do ventre da grande árvore, que, por ventura nem era Yggdrazil!
Era então sem existência separada, uma massa de potenciais quase infinitos no fundo do raso coletor, e então, o seringueiro entregou para a manufatura o leite para se tornar primeiramente gamela.
Parte grande foi para a indústria automotiva, outras foram utilizadas como peças isolantes, pontas de êmbolos, e materiais esportivos...
Da que foi comprada para a transformação de sua concentração em borrachas escolares foi formada em um exército de homenzinhos engraçados, de sorrisos satisfeitos e boinas pendendo aparentemente frouxas de suas cabeças.
Uma, das tais criaturinhas me foi o único direito de escolha, dentre tantos desejos de criança; a pobreza permitiu-me poucos agrados, mesmo tendo uma mãe de coração generoso; e então levei da papelaria o pequeno em minhas mãos, como coisa viva e falante.
No apego à minha diversão me neguei à retirá-lo de seu invólucro plástico e, ainda, adicionei-o aos meus poucos brinquedos até o dia em que os restos de borracha sem forma se acabassem.
Apaguei então algumas linhas, e lá se foi a botinha esquerda de Augusto!
Poucas tarefas depois e seus desgastes e amputações não mais me emocionavam.
Não me lembro quando os restos da pequena boina se desfizeram, apagando a negrura do lápis em algum rascunho...
Pouco depois, minha mãe varreria, também sem remorsos, seus restos para fora de casa. 

Anderson Dias Cardoso.
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