Era
engraçado que aquele Nobel da Paz houvesse sido dado àquele garoto de nome
estranho, dum país desconhecido, que, por conta de sua família disfuncional, cujo
protagonista; o pai alcoólatra, que gritava à toda vizinhança enquanto surrava
diariamente a mãe e os irmãos, acabou "mudando o mundo"...? Na história, contada pela revista, era dito
que o menino havia se tornado irritadiço quanto a barulhos e vozes ásperas.
Preferia relacionamentos virtuais, os quais mantinha sem câmeras, e com
microfone e caixas de som desligados.
Outra
peculiaridade (e a causa direta da premiação) era a compulsão em se intrometer
em conversas alheias, em redes sociais, para que, com opiniões bem sensatas,
dissuadisse os costumeiros contendores, e restabelecesse a harmonia nas mais
diversas discussões.
Dizia-se que
numas dessas tantas conversas, evitou um conflito entre árabes e judeus na
Faixa de Gaza, conciliou dois presidentes de potências mundiais (confirmada num
print autenticado em cartório, e ratificado pelas autoridades); com alguns
tuítes fez o ditadorzinho da Coréia do Norte se emocionar e reconsiderar jogar
aos cães mais uma dúzia de parentes acusados de traição (boatos afirmavam que o
pobre tirano até lhe mandou um emoticom com carinha de choro)... Houveram
outras destas;menos espetaculares, é claro, mas ainda assim, diminuíram
consideravelmente as pressões dessas relações delicadas de amizades imateriais,
competitivas, vaidosas e baseadas em sabedoria emprestada da Wikipédia.
Particularmente
eu achava aquilo tudo uma bela de uma jogada de marketing para promover aqueles
meios de comunicação, uma daquelas histórias forjadas para vender notícia ou
uma campanha velada dos governos mundiais exaltando esse tipo de conduta (o que
seria bem sensato, já que diminuiria seus com segurança particular, evitaria a
depredação do patrimônio, manteria as massas afastadas fisicamente dos centros
de poder, etc.)
Não era
assim que se salvava o mundo. Se esse reforço da imagem de “militância de
cadeira” se espalhasse, estaríamos perdidos!
Anderson Dias Cardoso.