Cruzaram-me o DNA de ephemeroptera e gatos para me ensinar o
desapego; e eu visitava aqueles remansos para recolher a evolução da ninfa em
animal bem composto, mimoso, ainda que sem aparelho digestivo.
Eu esperava paciente o acasalamento para oferecer meu afago,
e logo que a criatura se apartava de seus deveres biológicos (que me garantiam
outros amigos), se enroscava ronronante em minhas pernas ainda curtas.
Eu amava aquela criatura hibrida até que sua fragilidade lhe
curvasse a cabeça.
A preocupação de meus pais sempre me dizia:
-Cada dia um animal; cada animal, um nome!
E eu prossegui toda minha infância enterrando amigos;
levando no peito um imenso cemitério!
Anderson Dias Cardoso.