Meus olhos foram instintivos, acostumados desde sempre ao
choro!
Pateticamente emocionais à princípio, encantados por dramas quaisquer...
Ai de minhas glândulas lacrimais fartas, do meu pranto
comovido, da minha piedade por todos!
Ai de minhas empatias, simpatias, meus bem-quereres; que me
imergiam cruelmente no alheio...
Abusos sentimentais, comoções gratuitas por espetáculos e
teatros mal armados, daqueles tão baratos que nem vale citação!
Não sei se era amor à raça, mas era uma quase certa
identificação e cumplicidade; daquelas que oferecem piscadelas reconfortantes,
e sorrisos compadecidos quase gratuitos, ou pelo preço do instante da amizade!
Traídas mil vezes se desgastaram quase sem volta, e me
deixaram vaguear nos vazios da indiferença, e a paisagem humana me passou à mera
fauna cinicamente hipócrita!
Eram tantos seres engraçadinhos, em seus esforços de atrair
para sua gravidade outros corpos, tentando se equilibrar pela força de campos
alheios!
Ruminando da ignorância perversa, dimensionando as calorias
processadas em rituais mesméricos, e encantamentos sedutores!
E eu, reservei meus depósitos sentimentais para o
desperdício das banalidades sinceras, para o reverberar do meu eu nas dimensões
do improvável, das quais trilhei por muito tempo; de olhos secos...
Mas agora tenho que voltar...
Anderson Dias Cardoso.