Café forte, doce e quente, queimando sua língua.
Tão delicioso, que merece o sorriso que agora estampa-lhe rosto! Talvez, sua irmã queira, também, uma boa xícara.
Dez passos, e ela se posta ao lado da cama.
Três toques no corpo, e a surpresa... GRITO!
-Está morta!
Choro. Muito choro.
Angústia e desespero.
-Minha irmã! Preciso chamar alguém!
Corre para a cozinha, ao telefone mais próximo, porém, antes que chegue, olha para a xícara sobre a mesa.
-Parece que esqueci de você, não é verdade?
Apanha o recipiente, e o leva aos lábios:
-Frio! – Olha, meio desapontada, então, estende a mão à garrafa, em seguida, a sacode.
-Cheia! Espero que esteja fresco – fala consigo mesma, enquanto caminha até a pia, onde derrama o líquido escuro.
Quando volta, puxa a mesma cadeira onde descansara anteriormente. Senta-se e apanha a alça do recipiente, o curvando para entornar um generoso tanto na peça recém enxaguada.
Café forte, doce e quente, queimando-lhe a língua.
Se lembra de sua irmã. De certo que sua querida apreciaria um gole, talvez, uma broa...
Maria ainda a encontraria morta, por tantas vezes.
Anderson Dias Cardoso.
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