sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Café forte, doce e quente, queimando sua língua.

Tão delicioso, que merece o sorriso que agora estampa-lhe rosto! Talvez, sua irmã queira, também, uma boa xícara.

Dez passos, e ela se posta ao lado da cama.

Três toques no corpo, e a surpresa... GRITO!

-Está morta!

Choro. Muito choro.

Angústia e desespero.

-Minha irmã! Preciso chamar alguém!

Corre para a cozinha, ao telefone mais próximo, porém, antes que chegue, olha para a xícara sobre a mesa.

-Parece que esqueci de você, não é verdade?

Apanha o recipiente, e o leva aos lábios:

-Frio! – Olha, meio desapontada, então, estende a mão à garrafa, em seguida, a sacode.

-Cheia! Espero que esteja fresco – fala consigo mesma, enquanto caminha até a pia, onde derrama o líquido escuro.

Quando volta, puxa a mesma cadeira onde descansara anteriormente. Senta-se e apanha a alça do recipiente, o curvando para entornar um generoso tanto na peça recém enxaguada.

Café forte, doce e quente, queimando-lhe a língua.

Se lembra de sua irmã. De certo que sua querida apreciaria um gole, talvez, uma broa...

Maria ainda a encontraria morta, por tantas vezes.

 

 

 

Anderson Dias Cardoso.

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