Retornou para sua cidadezinha trazendo consigo uma
semi-derrota.
Alugou com dinheiro alheio a casa de sempre, instalou a
mobília surrada, acomodou sua frustração ao exíguo espaço e, não pôde recusar
as insistências da solidão e seu inquilinato dolorido!
Rascunhava estórias bobas para se entorpecer em uns modestos
devaneios tortos, gozando de coquetéis de analgésicos para as dores reumáticas,
e do café forte; o único sabor que lhe despertava lembranças!
A aposentadoria nunca foi suficiente; e então, com o poder
das frases feitas se empregou em adornar por dinheiro a morte, com epitáfios
bem convincentes, ao menos às posteridades desavisadas.
Os corpos desciam às dúzias à cova, tranquilamente honrados pelo
parágrafo comprado, uma dignidade sem méritos.
Aventurou-se também em compor discursos; e descobriu que sua
literatura absurda elegia candidatos, emocionava, ainda que sendo reconhecidas
demagogias; pois suas palavras fluíam agradabilíssimas, tal qual poesia aos
ouvidos nobres!
A mentira, às vezes é dignificada pela sutileza da
encomenda; e o autor quase sempre chora junto ao povo, enquanto aplaude...
E esse é um derradeiro desconsolo:
Seu dom será a miséria alheia!
Anderson Dias Cardoso.
5 comentários:
Aff! Demais! vou públicar em meu face e colocar o endereço do blog.
Bjs.
Posso? quer dizer eu poderia?...rsrs
O mundo solitário dos grandes seres sensíveis e de certa forma incompreendidos por tantos... Será que é mesmo demagogo???
Abraços
Um longo abraço, amado.
Como eu sou burro!Apaguei o comentário da minha amiga Célia!
Célia, foi mal...fiz por acidente!Tô postando suas palavras aqui, de novo!
"O mundo dos escritores sensíveis que observam o mundo sob sua ótica e sozinhos, em seus pensamentos, transcrevem suas observações. E encantam aos leitores! Conheço pessoas assim! rsrs...Parabéns! mt lindo!"
Não sei se é demagogia!
Bem, seus escritos são sempre redondos. Sem nenhum questionamento.
É apenas outra visão, reles inda por cima. rsrs
Bravo!
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