Visitou novamente o armário, apartando os úteis para o dia.
Gorro, luvas, paletó (ainda que um pouco empoeirado) e as
calças forradas e folgadas para uma caminhada desenvolta, e lá, escondido pelas
sombras do fundo do compartimento estava.
Um Gastrádipo sempre era uma coisa bonita de se ver!
Escorreu os dedos nodosos para o interior da peça buscando o
toque; recuou indeciso diante da invulgaridade das texturas, cores e relevos.
Contorcia-se vez em quando em um leve tremular sonolento, e
o susto sempre acompanhava uma gargalhada!
Resolveu-se por tomar por um pouco em suas mãos, e, no tocar
da pele fria, na troca de temperatura entre os corpos e todo envolvimento
emocional do momento, sentiu-se um pouco triste pelo seu exclusivismo!
Experimentou ainda mais um pouco o peso, e as sensações de
posse empática...
A porta do quarto se abriu, e ele, meio que constrangido
devolveu o Gastrádipo ao seu claustro e esquecimento.
Sabia que a visão de um Gastrádipo não é pra quaisquer
olhos!
Anderson Dias Cardoso.
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