Se o corpo era mau-cheiroso,
carente de asseio, os dentes eram amarelecidos pelo sarro, alguns bem carcomidos,
e o inchaço das gengivas inflamadas apresentavam uma vermelhidão incomum, que
era acessória visual ao hálito nauseabundo que escapava em qualquer sorriso!
Dos fios; muitos se ajuntavam,
ligados pelas secreções sebáceas não higienizadas e alguma fineza de detritos trazidos
pela frescura dos tão comuns ventos da região.
As unhas eram brocadas, os olhos,
remelentos e quando estendia a mão para coletar o produto da piedade alheia
enxugava sem pejo o persistente ranho!
E o povo mirava sempre, e se
espantava com as intenções do magro corpo bamboleante quando se erguia findando
o expediente!
Voltava ao barraco miserável sempre
envergando vestido novo; cópia bem cara do que ditava a novela!
E era assim que se sentia parte
da alegria encenada da mídia...
E era assim que comprara seu
respeito.
Anderson Dias Cardoso.
3 comentários:
Credooo. Eu estava comendo quando vim ler esse conto. Kk, mas de qualquer forma não deixei de apreciar o conteúdo. Muito bem escrito Anderson. O que mais consegui abstrair fora sobre a podridão que há em nós. Uma casca até bonitinha para tanta porcaria.
No mais, é só palmas mesmo, apesar de ter vindo ler em uma hora não apropriada kkkkkkkk.
Até mais ler.
Lendo o texto me lembrei de uma peça que assisti no FILTE; la Comida. http://www.filte.com.br/programacao_detalhes.aspx?id=11 tem tudo a ver com o texto, principalmente a parte do médico infectologista, rico e de renome na sociedade que era tarado por mendigos.h
Taí um texto rico de imagens e sensações que eu preferiria não ter percebido rsrsr
Nossa!!! Esse texto é incrível. Totalmente ácido, nos leva a uma viagem no submundo da podridão humana, muito bom.
Abraços, ah, queria agradecer pela dica do filme que fala sobre o McDonald's, consegui baixar, vou assistir.
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