sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A Amizade.



-... aquele papo sobre o tal Cordyceps Unilateralis, a hora adiantada, e o barulho do maldito “Pancadão” rolando aqui no vizinho. Sei lá, acho que minha mente se transmutou em algo parecido com um pudim.
-Notei que digitava mais devagar. Achei melhor te mandar pra cama.
-Não!O papo estava ótimo; eu teria continuado mesmo com os tais empecilhos.
-Interessante como relacionamentos virtuais podem ser tão viscerais, não?Um ano de conversa, e nenhum contato fora do teclado. Uma, talvez duas fotos. Acho que nos conhecemos quase tão bem quanto irmãos siameses.
-Aquelas mensagens de voz que me enviou ontem. Meu antivírus está acusando que estão infectadas. Não abrem de forma alguma.
-Computadores são bichos estranhos. Às vezes ocorre esse tipo de problema no sistema, e eles passam a marcar como nocivos os arquivos desconhecidos. Já tentou desabilitar o Firewall, nesses casos em específico?Abrir uma exceção?
-Não tinha pensado nisso.
-Costuma resolver. Caso contrário, peça alguém aí pra reinstalar o OS que o problema desaparece.
-Eu acabo de adicionar a exceção. Seu áudio está com um ruído estranho ao fundo.Mal consigo ouvir o que diz...Ah!Meu Deus!
-Sim, Heitor. Você precisa tomar um pouco de ar fresco.Vá até a janela, e lá permaneça até que se decomponha e espalhe meus esporos biodigitais por toda essa cidade.Contamos contigo para povoar o local.
-Claro, meu caro. Não é isso que os amigos fazem uns pelos outros?






Anderson Dias Cardoso.

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