A mosca sobrevoava o asilo, e não notando lugar mais
agradável, pousou em uma das finíssimas pernas daquele homem solitário. Ela a
amou. Levou uma tarde inteira, passeando por seus poucos pêlos, e saltitando
por entre os vincos de sua surrada pele; tão grande era a tristeza e vazio
daquele gigante encarquilhado, resolveu-se por deixar-lhe um filho!O homem a
compreendeu, ou achou tê-lo feito, já que sua voz diminuta e rouca não lhe
chegara bem, impedida pelas músicas e anúncios do carro de som que seduzia ou
irritava a vizinhança.
Dias depois a larva crescia forte e saudável, em meio ao
inchaço da pele. O homem, vez em quando, a convidava a sair, com um pequeno e
sedutor pedaço de toucinho; ao qual a "criança" gorda sentia o
cheiro, e se contorcia de alegria até saltar à luz!
O velho senil não se sentia mais só. Já havia juntado, do
que sobrara da aposentadoria e seus gastos com a estadia naquele lugar, e
pedira que o enfermeiro o levasse para registrar o menino.
O nome seria Bernedito!
O nome seria Bernedito!
Anderson Dias Cardoso.
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