Robozinho simpático, minimalista, um só botãozinho no
centro, uma luzinha que oscilava conforme o humor, e um alto falante naquela
caixinha de um branco perolizado e charmoso.Era o milagre da ciência, o
primeiro aparelho com inteligência emocional, porém, sua aparência de
brinquedo, a desconsideração de que não emulava suas sensações, mas, deveras as
sentia, somadas aos medos e hipóteses de integração, substituição social seguidas
de rebeldia dos aparelhos sucessores, tão repisadas em livros e filmes de
ficção científica, acabaram por influenciar sua relação com seus pais, e demais
integrantes da equipe.
Sentia-se só, infeliz, e pensava em como seus futuros “irmãos”
e “filhos” tratariam com aqueles tipos de problema.
Temeu, chorou, ainda que as pessoas achassem engraçado
aquele tipo de reação de gemidos e brilhos alternados, logo passou a emitir
impressões erradas para dissimular sua eficiência, suas razões, a intenção de
seus muitos núcleos.
As pessoas não entenderam quando ele se decidiu por se
desligar, definitivamente.
Anderson Dias Cardoso.
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