Já fora muito ativa, mas, quando lhe veio à razão, o
espírito inquieto foi se apaziguando, até quase uma completa imobilidade!
Agora, em sua pré-adolescência, era revirada em suas fraldas
imundas; sem qualquer protesto, e diante do mesmo episódio de um seriado
antigo:
-É o seu preferido!-Dizia a calejada mãe, apercebendo-se das
discretas respostas das pupilas da infanta, e o esboço do sorriso; explicando à
visita da vez essa sua micro satisfação!
Levava então a papa à boca amolecida, e a criatura se babava
em uma desajeitada mastigação, e logo a mulher a banhava com esponja úmida em
água morna, secando delicadamente com toalha felpuda, e untava-lhe as juntas
com pomadas.
Cobria daí, a finura das pernas, e a deixava ali, debilmente
iluminada pelo espetáculo cíclico da já dita série; voltando de quando em
quando para mudar o macilento corpo de lugar, para evitar escaras.
A porta permanecia, no entanto entreaberta; e enquanto a
figura materna bamboleava seu cansaço para fora do quarto, a pequena parasita
se remexia um pouco sobre seus colchões!
A preguiça era um tão delicioso expediente; não conseguia
imaginar como não conhecesse outras farsas como a sua!
Anderson Dias Cardoso.
Um comentário:
Como assim? Era tudo uma farsa? Pura preguiça? rsrs..Poxa! Você sempre surpreendendo no final!
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