É bem sabido por todos, ou quase todos, que os governos e
poderes se utilizam da transgressão de significados para confundir e dominar
intelectualmente e ideologicamente seus povos, assim como já vimos no clássico
1984!
No meu doutoramento coagido em “Músicas de Acasalamento”,
que anda ocorrendo por relações de cunho empregatício com pessoas bacanas porém, de gosto
musical duvidoso eu pude notar o potencial bélico disponíveis em flashcards e
Mp3 das massas!
É claro que esse tipo de “arte descartável” tem uma função
menos recreativa do que parece, e sua real intenção é o embotamento intelectual
por conta da repetição, da já citada transgressão de significados e êxtase
sexual, dos quais posso comprovar empiricamente a verdade e potencialidade
desse fato, desde que meu subconsciente tem sido condicionado a atraiçoeirar-me
e me diminuir à processos meramente vegetativos de forma que as palavras não
detém mais sua multiplicidade de significados!
Por exemplo, quando qualquer veículo, orgânico ou não,
dispara aos meus ouvidos a palavra "pai" toda a gama representações
de autoridade, proteção, suprimento, e outras interpretações abstratas,
poéticas e pertinentes colapsam e meu cérebro convulsiona em uma cantilena
agressivamente desafinada, dissonante e repetitiva:
“-...no fusquinha do papai!Pai!Pai!Pai!Pai!Pai!
Ontem minha esposa me pediu auxílio com a limpeza do soalho,
e a mente recomeçou o looping reducionista da palavra chão em ritmo e batidas
de funk, e assim é com todo parco vocabulário gritado pelo radinho do Paraguai
em meu horário comercial, de segunda à sábado!
Como toda “letra” tem conotação sexual algumas palavras
tornam toda alma feminina em “cachorra”, “tchutchuca”, “novinha”,alteadas para
além da potência dos meus fones de ouvido e assim tem se assomado em tentativa
de me assombrar com promiscuidade e lascívia desagradáveis, então eu forço o
equalizador, ajusto o aparelho às cavidades auriculares e tento voltar ao mundo
ao qual me delicio, volto a prestar a atenção à cadenciada leitura auditiva do livro do
dia...
Recobro ai um pouquinho da minha humanidade furtada.
Anderson Dias Cardoso.
Um comentário:
rsrs.. Infelizmente, já não se fazem música como antigamente! Ou melhor, dificilmente se faz música! E o pior é que estes ritmos sem nexo, contagiam nossas mentes e para nos livrarmos, dá bastante trabalho! Haja livro bom!....
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