As severas reprimendas da mãe em suas primeiras primaveras
quanto à suas incontinências intestinais se insurgiram, e uma vez libertas das
regiões subconscientes o moviam agora em estranhos e tristes rituais de limpeza
e arrumação; dos quais os últimos decorreram dos períodos onde o entendimento
rondava a confusão da pequena mente e a genitora o obrigava a ordenar além de
seus parcos brinquedos.
Aos quatorze já o irritavam o desalinho e até a desarmonia
de móveis, imóveis e pessoas; e já era acometido por pequenas “gasturas” por
manchas e encardidos onde quer que avistasse.
Aos dezessete já tinha as mãos consumidas de cloro, a casa
vedada e labutava 18 horas pela salubridade do lar, enquanto o estomago
ulcerava de ansiedade pelos poucos instantes em que o corpo o obrigava o
repouso.
Nestes dias o laudo pericial já o concedia o título de
inválido, e governo o amparou com salário mínimo.
Nos anos subseqüentes acentuaram-se os surtos misófobos e
ataxofóbicos e ele já visitava com suas disposições as vizinhanças, e invadia
casas, agredindo seus moradores pelo direito de higienizar suas casas.
No auge de suas psicopatias vitimou uma idosa por seu imundo
amado banheiro; e quando a sociedade o julgou sua causa o encontrou uma alma
que já não era capaz de responder por si, e então a sapiência do magistrado
converteu sua pena em oportuna terapia:
O homem perambulava agora contente, entre um banheiro
público e outro!
Anderson Dias Cardoso.
Um comentário:
O bom de ler seus escritos é ter que juntar peças, fatos, como se fosse um quebra cabeças. No meu caso, talvez, e não vejo problemas em dizer que é por falta de conhecimento em determinado tema e algumas palavras, daí recorro ao google. Rsrs. O sentido do texto sempre choca e mais... Aponta uma realidade que tem pertinho da gente.
Bem, Se todos os casos de psicopatias acabassem em empregos seria um "por menor".
Até mais ler...
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