A explicação de seu amigo invisível ia um pouco além de sua
maturidade para lhe apresentar em características e deficiências; ela porém,
não o podia o tocar, daí era óbvia sua intangibilidade!
Então as brincadeiras se davam estranhamente em cantorias de
versos pausados, e apelos para que, por apreço à sua companhia o amigo
representasse seu refrão, mas a boca dura se recusara tanto que a brincadeira
perdera a graça!
A estranha relação cotidiana também exigia que a menininha alteasse
muito a vozinha estridente, mas o resultado eram muxoxos e resmungos, ela dizia
ser impossível a conversa, pois o amigo parecia surdo, e se lança-lhe a extravagante
e colorida bola a vista parecia sempre distante!
Em minha preocupação paterna sentei a pimpolha no calor
amoroso do meu colo, e perguntei identidade, aparência, filiação, idade, e tudo
era normalidade e identificação infantil; menos a descrita desorientação dos
olhos vazios e tristes do infante, e o rodear em seu próprio eixo!
Então, a imagem se refletiu no mar daqueles olhos pequenos,
e meu beijo libertou a criança doente de suas amarras, e então, me decifrando
por sentidos alheios me permiti voltar a minha infância.
Visitamos juntos o parque, e meu brinquedo favorito naquele
dia!
Anderson Dias Cardoso.
2 comentários:
Poxa nunca tive amigos imaginários, no entanto sou dada a amores platônicos, será uma causa da falta do amigo na infância?
Lindo texto! Amigos imaginários são sempre bem-vindos, quando dentro da normalidade e da pureza infantil! Conheço uma menina, hoje adolescente, que teve uma amiga imaginária! quando ela contava suas aventuras, era engraçado!
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