Certo dia cismou que seus dentes se contorciam.Eram
movimentos delicados, esporádicos mas certamente estavam ali, valseando timidamente entre uma arcada e outra!
Disse à um passante, e este resmungou, explicou à outro e
ele se fez de desentendido, e quanto mais se agravavam as cócegas e contidas
dores; por descrição, já o diziam amalucado!
Procurou o auxilio do espelho, e esse confidenciou que lhe retribuíam
o olhar uma centena de diminutos olhos.
Esfregou os seus próprios e deduziu que no máximo era
alucinação!
Ácidos costumavam a ser lipossolúveis!
Ácidos costumavam a ser lipossolúveis!
Correu para mastigar algo, talvez como um teste, mas a textura
e a densidade dos incisivos o fizeram recuar!
Era inútil!Até o verniz da maçã oferecia resistência, e, na
boca viva (agora ainda mais viva!) algo lhe agredia as gengivas!
Consultou o novamente o espelho, e este agora lhe mostravam
umas tantas perninhas flanqueando cada peça.
Acometeu-lhe náusea, mas o vômito, ressentido da boca imunda
só visitou a glote; foi então que tentou findar as larvas com uma mastigação
severa, e jurou que chegou a sentir sabor dos monstrinhos; sentindo-os ainda
vivos!
Apanhou arma e procurou quem lhos arrancassem!
Apanhou arma e procurou quem lhos arrancassem!
Acordou já desdentado, ainda zonzo e dolorido; e um tal
dentista lhe assegurava que não necessitava tanta violência, já que dente à
dente, todos os pestinhas já haviam fugido de seu domicilio ali; bem diante dos
especialistas!
Anderson Dias Cardoso.
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