Assentaram se tranquilamente nas cadeiras anatomicamente
preparadas para as costumeiras longas esperas, e lá já estavam elas a os
captarem para distribuí-los em tantos aparelhos quantos interessados no embate.
Recusaram se cumprimentar; o orgulho e a tensão dos
episódios anteriores foram suficientes para furtar qualquer sentimento de
respeito alheio.
Eram os dois melhores enxadristas de todos os tempos,
estudados em manuais e copiados por entusiastas e profissionais do esporte;
eram também seres silenciosos e mal humorados, dos que se comunicam através de
um dialeto de grunhidos e resmungos.
O horário havia sido adiantado emocionalmente por uma
expectativa e excitação comum à todos envolvidos, e então eles consultavam
novamente as regras, inspecionavam inquietos as velocidades dos cronômetros.
E logo as mãos do juiz se estendiam como uma encruzilhada, e
todos sorriram deliciados quando o preferido das maiorias fez virar o rei
branco em seu favor.
Entrecruzaram também, naquele momento os olhos dos
adversários, e em susto ambos notaram a marca somente visível aos iniciados e
se irritaram muitíssimo!
Haviam ambos pactuado com o próprio Diabo pela garantia da
vitória!
As mentes então sofreram pela possibilidade de um jogo
limpo, e uma possível derrota e depois de hora ambos resolveram mover um peão
qualquer que pudesse calar a multidão de descontentes com a apatia da partida.
Poucas outras peças se movimentaram desde então, e a tática
passou do dolo à tentativa de cansar e impacientar o adversário.
Foi tudo vexatório e muito demorado para ambos, um jogo de
empatados do qual o “tinhoso” exercitou pouca paciência, deixando se digladiarem
os corpos vazios no tédio daquele recinto enquanto levava satisfeito a alma dos
dois enganados!
Anderson Dias Cardoso.
Um comentário:
Apesar da dificuldade em lógica e cálculos inteiramente encantada com a seu jogo de idéias e cálculos exatos das palavras, adoro tudo muito por aqui rsrsr. Beijão.
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