sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Morto Vivo.
Da terra úmida muito se alojou embaixo das unhas, e sua aparência, inchaços, pústulas e vermes em nada lhe favoreciam os humores, e então deixou a cidade dos mortos, em suas mangas de flanela e calças pregueadas de brim, que eram de sua predileção.
Na caminhada consultou a boca e deslocando uma barata notou a falta do único dente de ouro.
Mortos realmente não têm dignidade!-Sussurrou de si para si, indignado com a violação dos coveiros.
Voltando para casa abraçou mulher e filhos, e digo-lhes, a inocência dos pimpolhos guardou-lhes a vida; mas da mulher só se ouviu que mortos não retornam da sepultura.
-Infelizmente, meu amor, terás a oportunidade de saber se isto é ou não verdade...-O susto ceifara sua vida.
Cambaleou pela parentela e amigos, aumentando a contagem de corpos até que se ajustou à sua solidão e se foi, buscando um destino ao menos digno.
Quando os instintos antropofágicos foram despertos se recusou em trair a proposta vegetariana, se alimentou desde então de carne de soja, e se encontrou casa,foi sob as lonas de um circo.
-Sua maquiagem realmente convence!Era elogio de todo tempo.
-Quanto foi necessário para terminá-la?
-Vinte e dois anos, e uma vida inteira- Era a resposta triste decorada para estes casos.
Anderson Dias Cardoso.
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2 comentários:
Conto bem doido, amigo.
Tudo de lindo nesse natal pra vc, beijos
Mais um conto espetacular! Feliz natal pra vc, amigo! Muita paz e saúde, entre outras coisa boas! abraço!
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