Os que procuravam por ambientes licenciosos encontraram um lugar chamado Babilônia; em um quarteirão isolado num bairro de que diziam ser no mínimo de má fama.
Os decotes e obscenidades das cercanias importavam menos agora, aos que por ali circulavam do que se contava dos ambientes do lugar; e a imaginação seqüestrava uns tantos da realidade de cheiros, sombras, sabores quase sempre amargos e cédulas amarrotadas destas ruas, levando cada mente às divisórias espaciais daquele prédio; à um mundo onírico e individual.
Cada parede continha uma pintura de cores sonhadas, e da mobília, os traçados condiziam com o conteúdo e formas desejadas em fidelidade proporcional à vontade e imaginação do cliente.
Poucos conheciam suas salas, e a construção do interior se dava aos boatos dos especuladores, ou clientes indiscretos que confessavam sua experiência à um próximo, e este se encarregava de quebrar sua promessa espalhando a um outro fiel, até que o assunto fosse comum a toda cidade:
-Pedem um avalista, não em bens, mas em sangue para que possa se entreter em suas salas e salões, e não se importam que o mesmo desconheça que sua vida dependa do silêncio daquele que se diverte na exclusividade do lugar...
-É um mundo sem proibições ou vergonhas, pois todos compartilham o obscuro de suas almas e se apóiam na realização dos desejos alheios, pois seus próprios não seriam aceitos sem o mesmo preço...
-Caminhões descarregam peças extravagantes à todo instante, vestes, símbolos, especiarias...Alguns disseram ver sendo carregado um corpo vez em quando; às vezes trazido por policiais, e a fumaça densa das chaminés parecem soprar um cheiro de carne queimada às narinas, mas a diferença entre a quantidade de pessoas que entram e saem faz imaginar que os ternos manchados e amarrotados dos que disfarçam sua saída daqueles pátios e entrada nos carros luxuosos carrega mais culpa do que uma banal necrofagia...
-Disseram haver sacerdotes e clérigos de todas as religiões abençoando seus crimes, ou lhes remindo os pecados para que ainda que contaminados pelas transgressões alcancem um futuro no Paraíso, Campos Elíseos, Valhala ou qualquer lugar de descanso, por um bom preço, é claro...
-Não... Não é um lugar para ricos, todas alma podem oferecer alguma coisa; inclusive à si mesma...
-Sim... Lá o tempo passa ao seu gosto, e todos os sentidos se multiplicam e todo desejo é satisfeito...
-Alguns chamam luz, outros, escuridão, outros preferem chamar apenas luxúria, mas à maioria é um lugar a ser sentido, não nomeado...
-Muitos dizem que a cada associado se acrescenta um centímetro à construção, (que disseram ser orgânica!), e que sua expansão hipnotiza e absorve os circundantes com seu magnetismo e mistério, acredita se que a estrutura viva logo cobrirá todo planeta, e conquistará toda alma que, viverá o dia escravizado pelo trabalho, e suas noites, pelos seus desejos...
-Já me ofereceram um convite, não tive coragem de visitá-la!
2 comentários:
Eita!! Tive que ler duas vezes para ver se entendia bem o significado de tal texto!! Talvez tenha entendido, mas não saiba explicar...Trata-se de um lugar, onde os prazeres são satisfeitos sem que haja um peso nas consciências envolvidas? Onde, Cada um é responsável pela sua salvação ou condenação de forma individual, sem influências ou induções?
No entanto, me parece um lugar conhecido por todos e temido por muitos, mas onde acabarão alguns, devido a sua trajetória duvidosa aqui na Terra!
Enfim...Também não aceitaria um convite à tal cidade!! Deixa que se vão aqueles que realmente necessitam da satisfação integral de todos os desejos humanos!
Tô Fora! rsrsrs...abços
Achei interessante o coments da Célia.
Eu encararia, não deve ser tão diferente do que somos obrigados a participar, de certa forma ...
Desculpe a demora, eu até tinha lido aqui, mas, foi em meu serviço e não consegui assimilar muito as ideias, hehe, agora mais tranquilo voltei para fazer uma segunda leitura.
Muito bom!
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