Depois de tanto tempo as mãos habilidosas acariciaram o barro, e de uma porção formaram outro corpo e o Espírito soprou novamente em suas narinas uma alma.
Cobriu-lhe o corpo de vestes, e lhe deu pudor e lhe contextualizou quanto a geração em que havia sido criado, doando lhe um lar, uma oportunidade de emprego e conhecimentos pertinentes , e o instituiu arauto do Evangelho.
Sem a influência do pecado a relação entre Criador e criatura era sem intermediários ou simbologias e o próprio Deus o visitava e lhe falava ao pé da cama antes da chegada do sono, e sua voz e amor eram bálsamo aos confrontos e ferimentos de um quotidiano profano.
Inserido na realidade das almas decaídas pregava o Evangelho de Cristo, e tentava provar a realidade espiritual como realidade absoluta; e Deus como a origem de toda substância e espírito, mas ele pregou sem algum convertido, e por todos meios as palavras soavam loucura aos ouvidos pagãos.
A insistência o levou ao ostracismo, e obcecado pelos relacionamentos perdidos por causa de sua obediência desprezou à Deus em suas visitas. E o novo filho, ressentido se afastou e no desespero de sua condição solitária se deu conta das vantagens de sua filiação.
Afirmou-se como descendente direto de Deus, e como prova ridícula mostrava o ventre sem orifício umbilical, mas seu argumento foi recebido por comentários desagradáveis.
Em uma tentativa mais convincente juntou suas economias e provou por exames cromossômicos que sua raiz genética diferia de todas as outras, e entre especulações e euforia se proclamou como filho direto do Todo Poderoso!
Foi alvo de massíva publicidade, e considerado salvador da humanidade como um espécime puro,de cadeia genética sem vícios, e se doou para pesquisas de doenças sem resoluções médicas, e através dele foram desenvolvidas vacinas e tratamentos eficazes.
E ele enriqueceu, e se envaideceu e sua origem nada mais lho dizia, a não ser na ostentação de sua nobreza celestial.
Ele era o segundo filho de Deus, e objeto de culto!
Deus se entristeceu com a cria que lhe virava as costas, e o vendo ser consumido pela vaidade que se tornou em queda, também viu as conseqüências do seu pecado sendo distribuídas e absorvidas por outras existências que se utilizaram daquele homem como amuleto de condução à cura ou ao paraíso.
O caráter singular do novo homem, despido da proteção da obediência foi vetor e campo, para novas maldições,males, e doenças, e a multidão, fazendo –se de inocentes reclamava castigo maior àquele arauto de todas desgraças, e cogitando a remissão de todas as culpas através do holocausto queimaram-no em “fogo santo” nas vizinhanças arborizadas da “Nova Babilônia”.
O Senhor escondeu o rosto do sacrifício, e a multidão, sem ídolo algum para apalpar logo se esqueceu de Deus.
Anderson Dias Cardoso.
Um comentário:
Este texto retrata a nossa ingratidão, enquanto filhos de Deus...Quando esquecemos nossa origem e somos tomados por todos os pecados que nos cegam e nos fazem esquecer o motivo pelo qual fomos criados!
Me fez refletir!
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