domingo, 15 de maio de 2011

A Prostituta.


Tudo muito mecânico e profissional; me despia oferecendo o corpo de poucos atrativos por um preço modesto e era freqüente que o cliente fantasiasse um outro corpo de uma outra que se encontrava além de suas posses.
Geralmente eram fantasias predefinidas, pouco imaginativas, mas que serviam bem ao gozo.
Sentia-me desprezada, mas incorporava de olhos fechados a fantasia de perfeição, ao menos durante o coito, me sentindo grata por não descontarem o preço do prazer por não ser a “Idéia”, mas sim só a substância.
Entre gemidos, vez por outra escapavam os nomes dessas “Idéias”, e às vezes a emoção transparecia tão intensa que o sexo seguramente não era sua busca, mas algum afeto e realização de um típico amor platônico.
Era um teatro desigual, onde o cliente se desfazia em alguma realidade onírica, e vivia sua personagem com todo o vigor, prazer e possibilidades; enquanto me cabia a interpretação técnica, desapaixonada, mas devendo ser digna de toda credulidade e prazer...
Era brincadeira onde só um se diverte!
O ato era sempre breve, e o contato posterior, impessoal e mudo. E os corpos nus puxavam uma ponta de lençol e o sono consumia os minutos restantes do tempo que lhes cabia.
Quando o sono abandonava o quarto, e os olhos se abriam revelando toda a sordidez do espaço, com seus cheiros, sons, e ainda se lembrava do amor barato que fez, o cliente se tornava irritadiço, e vestia rápido suas roupas deixando o combinado sobre a cama, freqüentemente em um bolo de poucas notas amarrotadas.
A porta batia forte em desprezo à baixeza de minha profissão, enquanto separava minha paga entre aluguel, e algo para comer.
Após um desses tantos relacionamentos lavei-me, me arrumei para outro encontro, tranquei o quarto e ao entregar as chaves ao zelador sorri do paralelo entre aquele quarto e minha vida, mas foi um riso breve e amargo, não tinha tempo para especulações filosóficas e riso.
Outro cliente esperava!

Anderson Dias Cardoso.

4 comentários:

Anônimo disse...

O trabalho prático deixa pouco espaço para especulações filosóficas. Ainda bem que ela tem consciência do seu papel nesse teatro. Isso garante-lhe a sobrevivência física e alguma sanidade psicológica.
Abs.

Vampira Dea disse...

Engraçado a personagem fez reflexões que estão presente sobre muitas outras profissões.
Beijo e boa semana.
Ah se quiser participar da semana do meu niver no Dea e o Mundo, entre em contato, vai ser bem legal e divulgarei os blogs participantes

Maroka Almeida disse...

ola adorei seu blog já estou seguindo..
parabéns..
se vc poder visita meu blog agradeço e seguir..beijos..
http://novidadesdamaroka.blogspot.com/

Masturbação Mental disse...

primeiro vou começar pedindo desculpa por minha linguagem chula,quero seguir e já exerço meu ofício como escritor mas também,ainda,sou um adolescente!
Mas kraaa VC é muito fera,manda muito msm,parabéns pelo seu trabalho,vou acompanhar sempre!
é isso,de novo peço desculpas pela linguagem!

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