Tocou as sapatilhas empoeiradas naquele armário já esquecido, os dedos fofos corriam no tecido negro, e o peito se comovia mais um tanto!!! O piano cantava leve um convite ao salão, enquanto se enrolava em fitas, atando-as, dando contorno ao seu corpo de palha! Uma angústia ia nascendo na alma, e o sorriso nervoso se fez; então ele correu pronto para as portas, e cruzando-as encontrou-se no seu éden!Contorcia se meio flutuante pelo som, e sentia a angústia tornando se um ardor, e a leveza sua o conduzia em voltas e passos de dança,o chão de vinil rogava por toque,mas seus pés aeravam zombando da gravidade,dançava sob a revoada dos corvos,porém não se lembrava de seu ofício,mas a música foi se tornando vento,e no teto,os caibros,estrelas e o frescor da noite aliviou o calor do corpo,e as sapatilhas se feriram nos seixos,mas a dança o movia com amor,e ele rodopiou,e rodopiou em meio à plantação,e se viu sozinho,e parado se dobrou à solidão,e correu pelos corredores do milharal,e escalando o madeiro abraçou se nervoso à sua rigidez,e negou seus movimentos,e temeu a escuridão e notou que era só um espantalho,e as contas negras caíram de suas órbitas,e os corvos que antes assustava gorjearam satisfeitos um adeus...
Anderson Dias Cardoso.
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