De família emocionalmente distante, e sua particular
timidez, ousou se apaixonar aos 13!
Mas era afeto platônico, provavelmente nunca consumável; ainda
assim a fazia revirar no leito, com todas características dores e taquicardias dos
que sofrem dessas corriqueiras mazelas.
Se sofria em silêncio, seu corpo denunciava-lhe os
sentimentos de forma incomum, com aumento repentino dos pequenos seios, e o
avolumar do magro ventre.
Seus pais nunca compreenderam que existiam gravidezes
psicológicas!
Como sendo filha de povo rústico; daqueles que não permitem
tanta falta de vergonha, depois de inquirida a paternidade, espancada pela
“mentira” a criança, foi lançada à sorte!
Perambulou então pelas ruas, vivendo de improviso, e
esmolando através do olhar...
A dor levara de si o ardor, lhe secou o leite, e abortou o
filho!
Apaixonou-se aí por outro, e outros, e processou tantas
gestações; mas a vergonha agora se vestia ainda de descuido, e trapos imundos!
Foi quando alguém percebeu a ternura por trás dos farrapos,
se acomodando à sua sofrida beleza a
propôs casamento!
Foi tão bela sua acolhida, e nababescas suas núpcias; mas a
felicidade só esbarrou na plenitude, pois seu corpo mentira todo tempo:
Seu ventre estéril jamais poderia gerar filho!
Anderson Dias Cardoso.
3 comentários:
Saudade e admiração não mudam. Sua capacidade de surpreender tbm não!
Ando meio sem tempo. Que bom que vim aqui, encontrei outra obra prima!
Parabéns... E,
ateeeeeeeeeeeeeeeeeé mais ler...
Seus textos me lembram um pouco de Sylvia Plath. Crônicas com sentidos implícitos e personagens cômicos.
É muito gostoso ler algo que aguce nosso sentido e nos faz pensar, mesmo que nas entrelinhas, nos desfechos das histórias.
http://mmelofazminhacabeca.blogspot.com.br/
Parabéns pelo excelente escritor que és!
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