Então o Grilo continuava ali, amuado, recusando conselho ou
palavra.
Deixara o adjetivo que seguia seu nome se tornar em mero
sobrenome, como qualquer Silva, e se acompanhava o garoto graveto era com
desprazer, uma teima resquicial de um sentimento de dever ainda evocada pela
insistência de não negar-se a si mesmo.
O garoto havia se vendido, e cresceram-lhe orelhas, rabo,
dentes de asno e, de suas mentiras o nariz se estendia de palmo em palmo até
tornar-se em carvalho e subjugar como vulgar apêndice a pequenez do corpo
esculpido.
Não só por mais uma vez ele implorou por orientação, mas as
disposições do Grilo eram de silêncio...
O Grilo falara por muito tempo, agora as obstinações do
crescido boneco o haviam lhe roubado os cuidados e o afeto, e deviam ser o guia
que o encaminharia o restante do caminho...
A consciência permaneceu até a decomposição dolorosa do
projeto humano sob a potência agigantada de seus erros; depois, partiu pra
encontrar quem verdadeiramente prezasse sua companhia!
Anderson Dias Cardoso.
Um comentário:
Carlo Collodi deveria ler isto, rsrs!
Excelente!
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