sábado, 19 de julho de 2014

Pensamento Solto.

Queria andar nu pela casa; mas o que fazer se não havia um corpo?Era somente um pensamento, desgarrado de um dono distraído, e que perambulava por aquele espaço sem saber ao certo se a ele pertencia, ou antes, havia nele estado!Estória tão estranha quanto quando a sombra de Peter Pan resolveu mais do que lhe imitar, e, fugida de quem a projetava, deu trabalho à personagem, e entretenimento a quem lia!
Não que aquele pensamento o soubesse!Era apenas um retalho; e como tal, não comportava nada além dos fragmentos do instante, e que deveria ter se dissipado por alguma distração, ou sucedido por outro pensamento... Mas não foi o que ocorreu!
E lá estava o tal; como um pequeno absurdo, confinado no espaço, auto-limitado em sua personalidade instantânea, incorpóreo, e, possivelmente, não reciclável!
Não podia se indagar, evoluir, ou se realizar!Ao menos fosse uma idéia relevante, ao invés de alguma impressão escapada de um dia quente! 
Seria identificado algum dia por uma destas tecnologias novas?Estudado como uma onda, energia, registro?
Etiquetado, quantificado, qualificado?
Procurar-lhe-iam o dono, e o tentaria encaixar entre seus irmãos, construir, à partir de suas sucessões, o minuto, o dia e a vida daquele homem?
Ele era apenas um pensamento bobo... Provavelmente o ignorariam.





Anderson Dias Cardoso.
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