domingo, 9 de junho de 2013

Toda a Maldade Dos Botecos!


Uma boa envergadura; uns quase três metros se formos bem justos, e a barata faca de pescar o esquartejava, meio desajeitada, mas muito convicta...
Ainda preferia que tivesse anatomia próxima aos costumeiros porcos, o corte seria segundo suas peças, e o trabalho mais limpo, mas na segunda carcaça já estava pegando o jeito; e com o preço dos suínos hoje em dia, havia de se arranjar melhor com outra carne!
Acendeu a palha do cigarro, circundou o local com os olhos para encontrar um abrigo para deitar a ossada, e sentiu-se grato por esta se conservar como dantes.
Seria desagradável que a fera minguasse para o corpo de algum fazendeiro, ou filho de fazendeiro das cercanias!
Embalou precariamente o resto que lhe convinha, guardou-os num isopor na traseira da pick-up, mas se entreteve uns momentos diante da manta de pelos espessos que jazia estendida marcando forma!
Ela conservava toda a sua gordura, mas havia grande vontade de pendurá-la na parede da sala; só não sabia se convenceria algum curioso de que aquilo era todo sintético!
Sorriu-se da situação estranha, e foi-se para saldar o atraso de seu ofício de petisqueiro em sua cozinha...
E eu mastigava, tempo depois, o pedaço crocante de torresmo, naquele boteco do Mercado Municipal, e o refrigerante me descia junto à massa com um certo desconforto!
-Bem que podiam “sapecar” melhor os pelos das peles de porco!
Pensei comigo se aqueles “tocos” de fios que incomodavam o palato não viriam dum couro grosso de lobisomem!
Gosto de imaginar a procedência do que nos põe à mesa, principalmente enquanto me divirto com os miseráveis, ou bêbados por vocação!
Pensei também em pedir um barbeador, para resolver eu mesmo o problema do “tira-gosto”, mas achei que estaria sendo demasiadamente abusado!



Anderson Dias Cardoso.
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