domingo, 1 de junho de 2014

Se Adaptando...



Ao invés de Kafka, ele era o inseto que se tornava humano!Deixava família volumosa, a pequenês discreta, a estabilidade das tantas patas, a carapaça e sistema adaptados às condições climáticas, venenos, radiações, poluição...
O que temia era a assepsia!A falta de detritos espalhados, o escuro, a umidade, os aromas peculiares que se volatilizavam dos sacos de lixo, animaizinhos mortos, e marmitas desleixadamente esquecidas depois de uma chegada e partida apressada para algum passeio demorado!
Logo eram só quatro membros!Desajeitados, lentos, lívidos...
Mas isto foi só o começo!
Roupas, comprovação de existência física, tantas certidões, impostos. O cárcere de emprego e horários, conversas, uma forma de se vestir e se portar imposta,  sem qualquer finalidade senão a de impressionar, mas que nada tem à ver com o acasalamento ou escolha de melhores genes , já que na maioria não são mais inteligentes os que ostentam suas respostas, não são mais ricos os que se vestem com maior esmero, não são os mais fortes os que aparentam maiores músculos, nem mais éticos seus juízes!
Tudo é marcado de um ritualismo social estranho, uma tentativa de exposição de si, e uma depreciação do próximo; mas tudo com muita polidez.
Conversas suaves, desnecessárias, cheias de adjetivos, pronomes pessoais, sorrisos forçados... Ouvi dizer que chamam isso de hipocrisia, mas ainda não entendo muito dessas intrigas de gente humana!
Agora se me dão licença, aquele lixo logo ali está me chamando!Adoro sobras meio apodrecidas!



Anderson Dias Cardoso.
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