domingo, 9 de março de 2014

Money.




Sacou uma moeda do bolso para doação a um esmolante, arrependeu-se, mesmo e a despeito das insistências e xingamentos do maltrapilho, resolveu gastar o dobrão num “cigarro picado”...
Lembrou-se que não fumava, odiava bebida, e balas lhe estragariam os dentes.
Brincou de cara ou coroa, e, das oito atiradas ao alto, cinco deram coroa!
Isso bem poderia ser um sinal, mas não acreditava nessas bobagens; mas, ainda assim, a moeda agora lhe havia despertado para uma afeição, e um sentimento estranho a respeito da individualidade da peça niquelada!
Acariciou a efígie, e pensou que ao contrário dos tempos onde as mesmas eram formas de propaganda imperial, mudando de acordo com o representante da vez, para sua honra e glória, esta não lhe dizia nada, não sabia quem era aquela mulher!
Fez a peça cambotear sobre a palma para lhe expor o valor impresso, e o “1 Real” escrito era qualquer coisa mais abstrata que deveria, já que a liga nem era das mais nobres. Não que isso não fosse mais uma loucura interpretativa e atributiva de valor, totalmente oportunista, ainda que bem útil!
Lembrou-se do antigo sistema de fracionamento da peça, e sorriu a imaginar que aquele artefato, devido à desvalorização imperceptível, substituída enganosamente por um holerite mais carregado de zeros, e notas mais graúdas, agora, se representasse em peso e tamanho seu valor atual, seria o décimo daquilo que brincava nas mãos.
E o que se dizer da desmaterialização do dinheiro?Da criação de moedas diversas, baseadas no cálculo, das transações online...
-E aí chefia, tem uns trocados aí?-A voz assustava, mas a aparência do abordante ainda mais!
-T-Tenho esta moeda...
-Cala boca seu mentiroso filho da. Vai tirando a roupa, e me passando, se não quiser levar um “teco” na cara”.
Ah!O dinheiro é uma coisa maravilhosa mesmo!



Anderson Dias Cardoso.
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