domingo, 1 de abril de 2012

A Solução De Um Estranho Apetite.


Não sabia ao certo se fora por ansiedade, distúrbio qualquer, ou se havia se desenvolvido como uma daquelas esquisitices não explicáveis tão inerentes de sua humanidade.
As mãos eram pequenas e mimosas, mas as unhas eram um convite irrecusável aos incisivos; e, na lentidão de seu crescimento eram sempre deixadas como restos vermelhos e inflamados nas pontas delgadas do membro!
Considerava-se pessoa tranqüila, ao contrário dos leigos diagnósticos; na verdade o que encantava era o sabor de si mesma, e fórmula popular alguma teve efeito maior do que transformar o que lhe era saboroso em irresistível!
Não se incomodou com seus hábitos até avançar na puberdade, e ser alertada que aos garotos importava muito a aparência das mãos; e logo então desfilava as mãos feitas em esmalte discreto.
Eram verdadeiramente lindas suas mãos, mas a compulsão muitas vezes leva ao crime, e logo desapareciam das redondezas uma ou outra afinidade, que era convidada à lugares ermos e, à ameaça de uma faca eram feitas as extremidades em refeição, e, faltando o cuidado de um estanque logo o corpo esvaia-se em sangue.
Foi se Clara, duas Anas, Júlia, Paula, Alice, e as suspeitas do populacho se perdiam em absurdos!
No dia da companhia de Renata o mesmo percurso foi feito, e a conversa simpática da menina a distraiu de qualquer preocupação até que esteve sob a ameaça da arma.
A extração foi como costumeira e os processos convenientes da morte já atuavam no corpo da amiga, e a garota sorriu triste o seu “sinto muito, sou uma pessoa doente!”, então, a palavra e o deboche da moribunda foram a liberdade de seu vício:
-Às vezes o dedo é mais rígido do que o papel higiênico!
Foi uma morte válida!Jamais desejou roer unhas novamente!

Anderson Dias Cardoso.
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