Chegou em casa exausto. Atendimento ao cliente era uma área de sua profissão que às vezes, pensava, roubava-lhe algumas semanas de vida, por dia.
Iniciou seu processo de relaxamento afrouxando a gravata.
Tirou os sapatos.
Pensou em preparar algo para comer, mas preferiu um banho quente antes.
Vestiu seu pijama mais confortável, preparou um sanduíche de presunto e apanhou um resto de refrigerante que sobrara dos dois dias anteriores.
Barriga meio cheia, decidiu-por sentar em sua poltrona predileta.
Os ombros e lombos estavam rijos de tensão, e a cabeça começava a prenunciar alguma dor.
Olhou para um lado, e encontrou uma revista que havia surrupiado de seu emprego, por conta de umas fotos de garotas bonitas que o encantaram.
Ele mesmo, não era muito dado à leitura.
Folheou o objeto sem muito entusiasmo, já que duas ou três visitas suas àquelas folhas haviam destruído boa parte do poder que a novidade empresta às belezas.
Página 85, e algo lhe chamou a atenção.
Um artigo falava sobre os benefícios da meditação e exercícios de respiração para o corpo e mente, além de suas propriedades "desestressantes".
Ousou ler algumas linhas, tentando encontrar o que lhe ajudasse com seu corpo "moído".
Chegou numa parte a qual ensinava alguns exercícios de respiração, que, teoricamente, limpariam a mente, enquanto aliviariam-lhe a "surrada carcaça".
Endireitou sua coluna em seu estofado, e leu alto, enquanto praticava:
- INSPIRE - os pulmões se estufaram de ar.
- EXPIRE - os gazes quentes foram lentamente soprados por sua boca, enquanto seu pescoço e corpo se inclinavam em definitivo sobre o confortável sofá.
Anderson Dias Cardoso.