segunda-feira, 21 de março de 2011

O Ciclo Das Mediocridades.


Novamente humilhado naquele emprego ridículo, por um chefe despótico em uma situação financeira pouco melhor que a sua  foi outra vez se refugiar no diminuto banheiro tentando esconder algumas lágrimas e esvaziar a bexiga tensa.
Livrou se do choro com um pouco de água fria, recostou-se na vagabunda porta de lata, que gemeu alto e então levantando  afastou-se, e enquanto a respiração reencontrava seu compasso a bexiga reclamou por alívio.
Executava todo o ritual de se despir quando, olhando para o interior da bacia encontrou uma formiga que por lá errava próxima a água.
Ele conteve ainda a urina e se maravilhou com as proporções entre si e a formiga.
Esqueceu suas  vexações e se imaginou um colosso capaz de aniquilar toda uma colônia daquelas criaturinhas insignificantes. Sorriu de deboche, e urinou violentamente varrendo-a quase morta para a superfície das águas e completou seu escárnio com uma descarga a qual segurou a botoeira por longos instantes.
Saiu satisfeito, sentindo-se novamente homem, não verme!
Uma semana após, falecia por uma forte gripe...

Anderson Dias Cardoso. 

2 comentários:

Sandra Subtil disse...

Foi pior que verme...desse sabemos o que esperar..
Gostei do tom acutilante e sarcástico

Célia Ramos disse...

Por que será que há pessoas que sentem-se bem em pisar naquele que parece inferior? Inferior apenas no tamanho físico, mas gigantesco nas ações que realiza,pois a formiga é um animal admirável, pela sua orça e determinação, apesar do tamanho diminuto! amei seu texto!

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